As contratações devem passar por mudanças relevantes a partir de 2026, em resposta à pressão crescente por retenção de talentos e redução do turnover.
Especialistas em recrutamento indicam que processos mais estruturados, com uso de tecnologia e critérios claros, deixarão de ser diferencial e passarão a integrar a rotina das empresas em um mercado competitivo.
Segundo Gustavo Loureiro Gomes, especialista em recrutamento e CEO da HUG, o movimento já está em curso. Ele afirma que, em 2025, a empresa conduziu mais de 50 processos seletivos para contratos acima de três meses e atendeu mais de 100 demandas de diárias e freelas. A experiência mostrou que organizações estão substituindo decisões baseadas em intuição por métodos técnicos, com métricas objetivas e etapas definidas.
Contratações com entrevistas estruturadas
A padronização das entrevistas tende a se tornar regra. Utilizar roteiros iguais para todos os candidatos, com critérios equivalentes de avaliação, facilita comparações e reduz vieses. Para a HUG, entrevistas improvisadas ou excessivamente subjetivas perdem espaço, sobretudo em áreas com escassez de profissionais qualificados.
Os primeiros 30 dias importam
O processo seletivo não se encerra com a admissão. A confirmação do alinhamento ocorre no primeiro mês de trabalho, período em que o profissional compreende ritmo, cultura e expectativas. A recomendação é realizar check-ins semanais nos primeiros 30 dias, com apoio do gestor e integração ao time.
Raquel Nunes, líder de RH da HUG, afirma que o onboarding influencia diretamente permanência e desempenho. Para ela, acompanhar não significa vigiar, mas oferecer orientação e diálogo desde o início.
Preparação antes da entrevista
Outra mudança envolve o preparo do recrutador. Conhecer o histórico do candidato, seus projetos e experiências antes da conversa eleva a qualidade da entrevista. Essa prática evita perguntas genéricas e aprofunda a análise sobre entregas e aprendizados.
A preparação também impacta a percepção do candidato, que tende a se engajar mais quando percebe interesse real do entrevistador.
Transparência desde o primeiro contato
Apresentar informações essenciais logo no início do processo reduz frustrações. Detalhar remuneração, modelo de trabalho, benefícios e requisitos elimina desalinhamentos e diminui desistências ao longo das etapas.
A clareza ajuda a atrair profissionais que se reconhecem no escopo da vaga e reduz incompatibilidades futuras. Em um mercado acelerado, transparência melhora eficiência do recrutamento.
IA como apoio ao recrutamento
Ferramentas de IA já auxiliam na triagem de currículos, organização de bancos de talentos e identificação de perfis aderentes. Em processos com mais de mil inscritos, a tecnologia permite reduzir o volume inicial para grupos menores e mais qualificados.
Raquel Nunes explica que a IA também agiliza retornos aos candidatos, reduzindo ansiedade e melhorando a experiência. Ainda assim, a decisão final permanece humana, já que alinhamento cultural e comportamento exigem análise qualitativa.
Para Gustavo Loureiro Gomes, o futuro do recrutamento está no equilíbrio. Ele afirma que tecnologia organiza e acelera, mas as contratações mais assertivas continuam dependendo da leitura humana sobre contexto, valores e expectativas.