O número de pequenos negócios segue em alta no Brasil. Só nos primeiros cinco meses de 2025, foram abertas 2,21 milhões de pequenas empresas, segundo dados do Sebrae e da Receita Federal. O cenário mostra um fôlego para quem empreende, mas também reforça um desafio antigo: manter o controle financeiro em dia, especialmente quando o segundo semestre exige mais planejamento e tomada de decisão.
A gestão do caixa ainda é tratada com pouca clareza pela maioria dos empreendedores. Um estudo da Conta Simples, em parceria com a Visa, mostrou que 100% das empresas entrevistadas não souberam definir corretamente o conceito de “gestão de despesas”. Para Rodrigo Tognini, CEO da Conta Simples, o segundo semestre é o momento ideal para revisar processos e alinhar os números às metas do ano. “A gestão financeira vai além de cortar custos. Envolve organização, controle e decisões mais inteligentes e orientadas por dados”, afirma.
A seguir, Tognini lista cinco práticas que ajudam micro, pequenas e médias empresas a cuidar melhor do caixa nos próximos meses.
Digitalize e automatize processos
Hoje, mais de 7,5 milhões de pequenos negócios ainda usam anotações manuais para controlar as contas. Como resultado, gastam mais de 20 horas por semana apenas com esse tipo de tarefa. A adoção de plataformas de gestão automatizadas reduz o tempo, os erros e libera os gestores para análises mais estratégicas.
Segundo Tognini, essa mudança traz agilidade para a operação e melhora o controle do que realmente importa: o desempenho financeiro da empresa.
Centralize a gestão financeira
Manter todos os dados em um único ambiente facilita o planejamento. Com pagamentos, reembolsos e orçamentos organizados no mesmo sistema, a empresa pode projetar o fluxo de caixa, antecipar necessidades de capital e negociar melhor com parceiros.
“Quando o gestor para de ‘caçar dados’ e começa a enxergar as informações em tempo real, ele consegue agir com mais precisão”, comenta.
Separe contas pessoais das contas da empresa
Misturar os gastos da empresa com despesas dos sócios ainda é comum. O estudo mostra que 16% das empresas — cerca de 3,5 milhões — usam cartões pessoais para cobrir despesas do negócio. Essa prática atrasa os reembolsos, compromete a análise real dos resultados e pode gerar problemas fiscais.
Separar as finanças é um passo básico, mas necessário, para dar clareza à operação.
Use crédito com estratégia
A busca por crédito aumentou quase 13% em julho de 2024, segundo a Serasa Experian. Mas não basta conseguir acesso: é preciso usar bem esse recurso. O modelo BNPL (Buy Now, Pay Later), que permite parcelar pagamentos com boleto, TED ou PIX, é uma alternativa que traz flexibilidade ao capital de giro sem apertar o fluxo de caixa.
Há também ferramentas que ajudam o empreendedor a visualizar prazos, juros e impacto de cada tomada de crédito.
Acompanhe o fluxo de caixa todos os dias
Mais da metade das empresas reconhece que o controle de gastos é um pilar da boa gestão. Mesmo assim, muitas ainda deixam para fazer esse acompanhamento no fim do mês. O ideal é registrar entradas e saídas diariamente, usando sistemas que automatizam e atualizam os dados em tempo real.
“Fazer esse controle no dia a dia ajuda a evitar surpresas e tomar decisões com mais segurança”, afirma Tognini.
Organizar o caixa no segundo semestre não é tarefa simples, mas é possível com pequenas mudanças de hábito e o uso das ferramentas certas. Para quem empreende, cuidar bem das finanças é o caminho mais direto para chegar ao fim do ano com o negócio em equilíbrio.