Quase a metade dos brasileiros acredita que o país deve retaliar os Estados Unidos pela tarifa de 50% cobrada sobre parte dos produtos exportados. Esse dado é revelado pela pesquisa Ipsos-Ipec, divulgada nesta terça-feira (12). O levantamento aponta que 49% acreditam que o Brasil “deve responder na mesma moeda, aplicando tarifas altas sobre os produtos americanos”.
Dentro desse percentual estão os que concordam totalmente (33%) e os que concordam parcialmente (16%). Já os que discordam são 43%, com parcela que discorda totalmente (30%) e outra que discorda em partes (13%). Os que não sabem ou não responderam são 7%.
Entre os que defendem uma resposta, 61% são eleitores de Lula, 53% têm ensino superior, 51% são católicos e 50% estão em famílias que recebem entre 1 e 2 salários mínimos. Por outro lado, entre os que discordam, a maioria (56%) corresponde a eleitores de Jair Bolsonaro, sendo que 50% são evangélicos.
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O levantamento também visou apurar se a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, é considerada uma escolha política ou comercial.
Os resultados indicaram que 75% acreditam que o tarifaço de Trump acontece por “questão política”. Para 12% a questão é apenas comercial. Já 5% observam que ambas as questões são pertinentes e 8% não sabem ou não responderam.
Destaca-se nesta questão que 80% dos entrevistados com idade entre 45 e 59 anos enxerga a motivação política de Trump. No que diz respeito às regiões, o Nordeste e o Sudeste são os que mais têm pessoas que observam a motivação política por trás do tarifaço, 77% em cada. Os percentuais entre católicos (76%) e evangélicos (74%) nesse sentido também são altos e estão próximos à média dos que veem as intenções políticas dos norte-americanos.
Imagem, novos parceiros e isolamento
Segundo o instituto, a pesquisa aponta um desgaste na imagem que o brasileiro tem dos Estados Unidos. Para mais da metade, 51%, esta imagem continuou a mesma; para 38% piorou; para 6% melhorou e outros 5% não souberam ou não responderam.
Sobre se o Brasil deve priorizar acordos com outros parceiros comerciais, como a China e a União Europeia, para destinar a produção prejudicada com o tarifaço, 68% concordam (45% totalmente e 23% em parte). Os que discordam são 25% (15% totalmente e 10% em parte) e 8% não sabem ou não responderam.
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Ainda foi perguntado se os entrevistados entendem que o Brasil pode ficar mais isolado no cenário internacional com a ofensiva de Trump. Nesse caso, 60% concordam que o efeito do tarifaço pode se desdobrar em maior isolamento (38% concordam totalmente e 22% em parte). No outro polo, 32% descartam esta possibilidade (18% totalmente e 14% em parte), com 8% que não responderam ou disseram que não sabe.
Os questionários foram aplicados a 2 mil pessoas entre 1º e 5 de agosto, em 132 cidades. O nível de confiança é de 95% e a margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.