POR ARNÓBIO ROCHA
Donald Trump e sua fome pantagruélica de poder econômico, sua tosca megalomania, parecem não ter limites nem fim. Lançou uma criptomoeda própria, associada ao seu nome, que em poucos dias já apresenta ganhos estimados em 5,4 bilhões de dólares — uma quantia fabulosa. Isso ocorre a menos de uma semana de sua possível posse como presidente dos EUA.
Imagine se Lula lançasse uma moeda dias antes de se tornar presidente. Quais seriam as reações:
1. da mídia?
2. da oposição?
3. das instituições?
É algo assustador. O que se revela aqui não é apenas um governo da plutocracia para si mesmo, mas um escárnio generalizado.
Começa com a formação de um gabinete composto por financiadores de campanha, assessores “comprando” mandatos, a substituição de funcionários da Casa Branca e da burocracia que, minimamente, manteriam uma aparência de governo.
Acrescenta-se a isso uma série de ordens executivas preparadas para chocar o país e o mundo, incluindo expulsões de imigrantes e o perdão a criminosos envolvidos no atentado ao Capitólio.
A “cereja do bolo” agora é sua moeda virtual, claramente associada ao cargo que ocupará. Esta moeda servirá para aumentar ainda mais sua fortuna e poder, submetendo mais pessoas aos caprichos de um indivíduo monstruoso, desprovido de pudor e qualquer sofisticação.
A simples possibilidade de Trump ter sido candidato e eleito já representa uma derrota para a política e para a democracia. Isso expõe sua completa desmoralização, quando não resta mais valor a ser defendido pela sociedade, sem um governo que tenha ao menos a pretensão de ser funcional. O que se vislumbra é um “não governo”, uma distopia do mundo virtual, dominada pelas big techs, algoritmos e inteligência artificial.
Trump aprofunda o caos e promete um ataque feroz contra a democracia, levando-a ao nível mais degradado da história. E não estamos falando de qualquer país, mas da maior potência mundial, a mais armada, controladora de 75% das transações financeiras globais e 81% do comércio internacional que depende de seus navios.
É, de fato, preocupante.