Há duas semanas refletimos, neste espaço, sobre o movimento especulativo coordenado sobre o Real. Opinamos que fazia parte de um enredo protagonizado por setores do mercado e da mídia, desde o início de 2023, para descredibilizar o governo e o seu programa político referendado pelo povo brasileiro.

O ano novo teve início com o prosseguimento da fuga massiva da moeda americana. Notem que essa ação contra a moeda começou a ocorrer num momento estratégico, pois coincidindo com os movimentos mais intensos do mercado do dólar, típicos de final de ano, com a transição na gestão do Banco Central. Ante a expectativa do mercado de um BACEN mais do mercado, avaliaram que para obterem eficácia no intento de desorganizar a economia seria necessário, além da taxa de juros estratosférica, a desestabilização do mercado de câmbio. E no caso dos juros, antes da saída de Roberto Campos Neto, deixaram contratadas duas possíveis altas sequenciais na Selic.

As pressões sobre a moeda que esperamos sejam contidas com as respostas do governo e do BACEN, têm o potencial de provocar efeitos erosivos na economia, muito mais rápidos do que os juros, a começar pelos impactos num processo inflacionário sob absoluto controle. Junto com as taxas de juros ameaçam a solidez dos fundamentos da economia que apesar de tudo se mantêm sólidos. Não precisamos da eventual concretização de algumas ameaças do futuro governo Trump. Os maiores inimigos do Brasil estão aqui mesmo!

É repugnante assistir “jornalistas/analistas” econômicos na grande imprensa “ensinando” que o que ocorre com o câmbio e juros são reações esperadas do mercado por conta das supostas ameaças de default do país (face a dívida pública) decorrente de um quadro absolutamente improvável de asfixia fiscal extrema. Também “ensinam” que a economia está crescendo além das suas capacidades. Sintomaticamente ignoram as manipulações do mercado e menos ainda dão destaque aos indicadores socioeconômicos virtuosos que o Brasil vem colhendo desde o início do governo.      

O fato é que não bastassem os enormes desafios naturais para a reconstrução e transformação do Brasil, o presidente Lula ainda continuará tendo que lidar com obstáculos políticos monumentais para governar o Brasil preservando o seu programa econômico e político. Ainda não está precificada a garantia da governabilidade em 2025. Mantidos os padrões inaugurados no governo Bolsonaro onde as Casas do Congresso passaram a ser sócias na execução do orçamento federal, os dilemas da governabilidade estarão na pauta. Esperamos que que o STF resolva de vez os exageros nas emendas parlamentares. Mas, se o fizer, a vingança será contra o governo; um dilema! A propósito, como resgatar a capacidade de investimento público com parlamentares controlando recursos 3.5 vezes superiores aos próprios orçamentos da Câmara e do Senado? Com esse poder individualizado e fragmentado, reforma ministerial para ajudar a estruturar uma base sólida para a governabilidade perdeu relevância.

Também são esperadas dificuldades na seara internacional com o presidente Trump, mas Lula e o Itamaraty têm habilidade e expertise de sobra para contorná-las. Neste caso, o governo pode e deve usar a condição na presidência do BRICS para acelerar o estreitamento das relações políticas e econômicas entre os países do Bloco.

O governo vem tirando ‘leite de pedras’ com resultados fabulosos, mas que submergem na opinião pública pela maior e melhor publicidade alcançada pelas ações daqueles que confrontam o governo. Inclusive, passou da hora de o governo comunicar aos paraenses que é o figurante principal da COP 30.

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Last Update: 06/01/2025