Em entrevista concedida ao cientista político Ian Bremmer, o conselheiro para segurança nacional do governo norte-americano, Jake Sullivan, pintou um cenário otimista para os ucranianos. Para ilustrar a suposta crise na Rússia, Sullivan fez uma analogia nem tão descabida, dadas as recentes declarações do futuro presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
“Se eu tivesse dito a vocês três anos atrás que Joe Biden iria anunciar uma operação militar especial para tomar Ottawa em uma semana e, três anos depois, ele estivesse nos campos de trigo de Manitoba perdendo milhares de soldados por mês, com inflação acima de 10% e taxas de juros nos Estados Unidos acima de 20%, 600.000 americanos mortos ou feridos, e nós avançando lentamente, cidadezinha canadense por cidadezinha canadense […] você não estaria aqui dizendo: “Uau, os Estados Unidos estão realmente vencendo essa guerra em grande estilo. Isso é ótimo para os Estados Unidos.”
Sullivan prossegue para dizer que a situação ucraniana não é muito favorável, caracterizando o conflito como um impasse, mas isso só é possível graças à manipulação grotesca dos fatos.
Propaganda e realidade
O ano começou com uma importante vitória russa na província de Donetsk, integrada à Federação Russa desde o ano passado. Ao final de fevereiro, as Forças Armadas russas, apoiadas pelas milícia popular do Donetsk, conseguiram conquistar a cidade de Avdiivka, um dos assentamentos ucranianos mais fortificados na região.
E o ano termina com a conquista, anunciada no último dia 29, de Novotroitskoie, pequena cidade localizada 60km a oeste de Avdiivka. A vitória coloca as forças russas a pouco mais de 20 km da fronteira que separa Donetsk da província de Dnipropetrovsk, na Ucrânia.
Do lado ucraniano ocorreram apenas operações que dão aparência de sucesso para o público, mas não têm grandes consequências militares.
“Democracia” vs. Autocracia
Para o povo dos países que sustentam o já exausto exército ucraniano, chefes de Estado recorrem à velha oposição entre “democracia” e regimes “autocráticos” como seria o russo.
Dois eventos realizados este ano, porém, dificultaram ainda mais a sustentação dessa campanha. O primeiro foi a vitória de Vladimir Putin nas eleições presidenciais em março deste ano, com avassaladores 88% dos votos.
A “democracia” do regime ucraniano é cada vez mais visível no regime político de seus patrocinadores.
Insustentável
Este ano talvez seja marcado pela falência da propaganda imperialista em torno da Ucrânia.
Com a propaganda cada vez menos convincente, e apoio cada vez mais insustentável politicamente, o cenário para o regime ucraniano e para seus patrocinadores é fúnebre.
Quem sabe à tempo da comemoração dos 80 anos da vitória contra os nazistas, em maio de 2025.