
Um estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP) estimou que 18,3 mil pessoas participaram do ato liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro no último domingo (16), em Copacabana, no Rio de Janeiro. O evento, que teve como principal pauta a defesa da anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro de 2023, ficou bem abaixo das expectativas iniciais de Bolsonaro, que falou em 1 milhão de participantes.
O número também é significativamente menor do que os 400 mil divulgados pela Polícia Militar do Rio de Janeiro (PM-RJ). Segundo o jornalista Octavio Guedes, da Globonews, essa projeção foi emitida a mando do governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), para maquiar o fracasso da mobilização.
A metodologia utilizada pela USP, chamada Point to Point Network, permite uma contagem precisa de indivíduos em grandes aglomerações.
A técnica envolve a captura de fotografias de alta resolução por drones, seguidas pela identificação automática das pessoas por meio de um software que utiliza inteligência artificial. O sistema marca a cabeça de cada indivíduo nas imagens, garantindo uma contagem detalhada e confiável.
O software foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Chequião, na China, em parceria com a empresa Tencent. Para aumentar a precisão, o programa foi treinado com um conjunto de imagens de multidões da Universidade de Xangai e outro composto por fotos brasileiras. Esse treinamento adaptado à realidade local reduziu a margem de erro de 30% para 12%, para mais ou para menos.

De acordo com o relatório da USP, foram tiradas 66 fotos da praia de Copacabana em quatro horários diferentes (10h, 10h40, 11h30 e 12h). As seis imagens capturadas ao meio-dia, considerado o momento de pico da manifestação, foram selecionadas para a análise. As fotos cobriram toda a extensão do evento, sem sobreposição, garantindo uma contagem precisa mesmo em áreas densamente ocupadas.
“Esse processo metodológico garante uma contagem precisa, mesmo em áreas densas, como na manifestação em Copacabana”, destacou o relatório da USP. A técnica é considerada uma das mais avançadas para estimativas de público em grandes eventos, sendo amplamente utilizada em estudos acadêmicos e planejamentos urbanos.
A discrepância entre os números da USP e os divulgados pela PM-RJ gerou debates sobre a metodologia utilizada pela polícia. Enquanto a universidade empregou tecnologia de ponta para sua estimativa, a PM não detalhou como chegou ao número de 400 mil.
Especialistas em segurança pública afirmam que a metodologia da polícia costuma ser baseada em estimativas visuais e dados históricos, o que pode levar a superestimativas em eventos políticos.
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