Em 17 de julho de 1918, Nicolau II, último czar da Rússia, foi executado com sua esposa Alexandra e outros membros da família real pelos bolcheviques na Casa Ipatiev, em Ecaterimburgo, nos Montes Urais, onde estavam presos desde abril daquele ano. O ato ocorreu em meio à Guerra Civil Russa (1917-1922), quando as forças contrarrevolucionárias, os Exércitos Brancos, financiados por potências imperialistas como França, Inglaterra e EUA, avançavam sobre Ecaterimburgo, a apenas 30 km da cidade.
Liderados por Lênin, os bolcheviques decidiram eliminar o czar para impedir que ele fosse resgatado e usado como símbolo para restaurar a monarquia e esmagar a Revolução de Outubro de 1917, que havia instaurado o poder operário. A execução foi uma necessidade revolucionária para proteger a luta do povo russo contra a tirania capitalista.
A Guerra Civil Russa, iniciada após a tomada do poder pelos bolcheviques, opunha os vermelhos, defensores do socialismo, aos brancos, uma coalizão de monarquistas, liberais e forças estrangeiras que buscavam restabelecer o velho regime. Em meados de 1918, os brancos, apoiados por 14 nações imperialistas, controlavam vastas regiões da Sibéria e do sul da Rússia, enquanto os bolcheviques lutavam para consolidar o controle em cidades-chave como Ecaterimburgo.
Deposto em março de 1917 após a Revolução de Fevereiro, Nicolau II estava sob custódia bolchevique, transferido de Tobolsk para Ecaterimburgo devido à proximidade das forças brancas. “A revolução não podia permitir que o czar se tornasse uma bandeira dos reacionários”, escreveu Trótski em A História da Revolução Russa, justificando a execução como medida para salvar o poder operário.
O reinado de Nicolau II foi marcado por crimes contra o povo. Em 1896, durante sua coroação, o Massacre de Khodynka deixou cerca de 1,3 mil mortos e milhares de feridos em uma multidão esmagada, sem qualquer sinal de remorso do czar. Seu governo reprimiu brutalmente trabalhadores e camponeses, com prisões, exílios e execuções, e levou a Rússia à catástrofe da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), subordinada aos interesses franceses, resultando em 3 milhões de mortos e piadas de humor negro como “os franceses lutarão até a última gota de sangue russo”.
A czarina Alexandra, reacionária fanática, desprezava o povo, afirmando em cartas que os russos “gostam do chicote”. A propaganda burguesa tenta pintar Nicolau como vítima, mas sua execução foi um ato de justiça revolucionária contra um tirano responsável pela miséria e pelo terror.
A execução de Nicolau II marcou a luta de classes na Rússia, eliminando a monarquia e fortalecendo a revolução. A burguesia, até hoje, distorce a história, apresentando o czar como “bom pai” para deslegitimar o socialismo.
A classe trabalhadora deve resgatar o exemplo bolchevique, organizando-se contra os tiranos modernos do capitalismo. A Revolução Russa mostra que só a ação direta dos trabalhadores pode derrotar a opressão e construir uma sociedade socialista, livre da exploração. A memória de 17 de julho de 1918 é um chamado à luta revolucionária contra o sistema que mantém o povo sob jugo.