Em 16 de maio de 1943, as forças nazistas concluíram a violenta repressão ao Levante do Gueto de Varsóvia, uma resistência armada organizada por judeus contra a deportação para campos de extermínio, resultando na destruição do gueto e na morte ou deportação de milhares de pessoas. A revolta, iniciada em 19 de abril, foi uma das maiores demonstrações de resistência contra o nazismo durante a Segunda Guerra Mundial, enfrentando a máquina de guerra alemã por cerca de um mês.
O Levante do Gueto de Varsóvia ocorreu após a intensificação das deportações de judeus para o campo de extermínio de Treblinka, em 1942. Cerca de 300 mil dos 400 mil judeus confinados no gueto foram deportados ou assassinados antes do levante. Organizações como a Organização Judaica de Combate (ŻOB) e a União Militar Judaica (ŻZW) lideraram a resistência, usando armas improvisadas e táticas de guerrilha contra as tropas nazistas, comandadas pelo general Jürgen Stroop.
O Relatório Stroop, documento oficial redigido pelo general homônimo, detalha a operação e refere-se aos combatentes judeus como “bandidos”. Além disso, termos como “terroristas” eram usados para deslegitimar a luta desesperada travada pelas vítimas da ditadura nazista contra o genocídio. Com indiscutível superioridade técnica, os nazistas incendiaram o gueto prédio por prédio, forçando os resistentes a lutar em condições extremas.
Cerca de 7 mil guerrilheiros foram mortos durante o levante, enquanto outros 50 mil foram capturados e enviados para campos de concentração. Apesar da derrota, o levante inspirou outras revoltas, como a de Sobibor, e se tornou um símbolo de resistência contra a opressão.
O uso de termos como “bandido” no Relatório Stroop reflete uma prática comum de regimes opressores de estigmatizar resistências populares. Essa desumanização foi essencial para justificar a violência nazista, que buscava apagar qualquer legitimidade da luta judaica. O documento, hoje preservado no Instituto de Memória Nacional da Polônia, registra a destruição de 631 bunkers e a execução sumária de milhares de civis, revelando a brutalidade do regime.
A resistência do Gueto de Varsóvia ecoa em lutas contemporâneas contra a opressão, onde movimentos de povos oprimidos são frequentemente rotulados de forma pejorativa para deslegitimar suas causas. Por exemplo, grupos como o Ansar Alá, no Iêmen, ou o Hesbolá, no Líbano, enfrentam acusações similares por parte de potências imperialistas e pelo sionismo, que os classifica como “terroristas” para justificar sanções e intervenções militares.
De 2024 até o final de abril, o Ansar Alá foi alvo de bombardeios dos Estados Unidos e Reino Unido no Mar Vermelho, sob a justificativa de combater “terrorismo”, apesar de suas ações serem em apoio à Resistência Palestina contra a ditadura sionista.
O Levante do Gueto de Varsóvia permanece como um marco histórico de coragem frente à tirania. A tentativa nazista de desumanizar os resistentes com termos como “bandido” não apagou o significado de sua luta, que continua a inspirar movimentos por justiça e liberdade em todo o mundo.