A Revolução Húngara de 1848 teve início em 15 de março daquele ano e se tornou um dos principais levantes contra o Império Austríaco. Parte de uma série de revoluções que eclodiram na Europa, o movimento na Hungria resultou em um conflito armado pelo reconhecimento de sua autonomia, liderado por figuras como Lajos Kossuth e Sándor Petőfi. O evento é lembrado como um marco na história do país e seu aniversário é um dos três feriados nacionais húngaros.

As tensões que levaram ao levante vinham se acumulando há décadas. Desde 1825, o Parlamento húngaro vinha sendo convocado para tratar de questões financeiras e políticas, permitindo o fortalecimento de um partido liberal. Kossuth emergiu como líder das classes populares, defendendo reformas que beneficiavam os camponeses e trabalhadores. O descontentamento popular culminou em manifestações pacíficas nas cidades de Buda e Pest (atualmente, Budapeste, na época, duas cidades distintas separadas pelo rio Danúbio), que rapidamente se espalharam pelo território húngaro.

Diante da pressão, o governo imperial permitiu a formação de um novo governo na Hungria, liderado por Kossuth e pelo primeiro-ministro Lajos Batthyány. Em abril, foi promulgado um conjunto de leis conhecido como “Leis de Abril”, estabelecendo a autonomia do Reino da Hungria dentro do Império Habsburgo. Essas reformas garantiam controle sobre impostos e tropas locais, consolidando um sistema administrativo próprio. No entanto, a crescente tensão entre os reformistas e os setores conservadores do império fez com que o conflito se intensificasse.

A situação se agravou com a oposição de Josip Jelačić, governador da Croácia-Eslavônia, que não aceitava as mudanças políticas. Em julho de 1848, a Hungria enviou tropas para apoiar os Habsburgos no norte da Itália, buscando fortalecer sua posição dentro do império. No entanto, em agosto, Viena ordenou a dissolução do exército húngaro, o que precipitou uma resposta militar. Jelačić marchou contra a Hungria, dando início à guerra pela independência.

Os combates se espalharam por diversas regiões, incluindo o Banato húngaro e a Transilvânia. Em setembro, o Parlamento húngaro buscou acalmar os radicais em Pest, evitando confrontos internos. Com os Habsburgos enfrentando desafios em Viena, a Hungria conseguiu avançar na sua autonomia. No entanto, em dezembro, Francisco José I assumiu o trono austríaco e reverteu as concessões, recusando-se a reconhecer a independência húngara.

A guerra civil que se seguiu colocou as forças húngaras, conhecidas como Honvédség, contra os exércitos austríaco e de grupos étnicos locais, como croatas, eslovacos e sérvios, que tinham suas próprias demandas nacionais. Inicialmente, os húngaros obtiveram vitórias importantes, como na Batalha de Pákozd, em setembro de 1848, e na Batalha de Isaszeg, em abril de 1849. Em resposta, a Áustria buscou apoio da Rússia, e as tropas do czar Nicolau I invadiram a Hungria, alterando o equilíbrio do conflito.

A revolta também teve impacto em Viena. Em outubro de 1848, um levante na capital austríaca impediu temporariamente o envio de reforços contra os húngaros. Contudo, o general Windischgrätz reprimiu a revolta e organizou uma investida contra a Hungria. Em dezembro, o governo húngaro evacuou Pest e passou a resistir ao avanço das tropas imperiais.

Em agosto de 1849, a revolução foi esmagada. O general austríaco Julius von Haynau ordenou a execução de 13 oficiais húngaros em Arad e do primeiro-ministro Batthyány em Pest. O reino húngaro foi submetido a um período de germanização e controle direto pelos Habsburgos.

Após a derrota, Lajos Kossuth foi para o exílio, passando pelos Estados Unidos, Istambul e Turim. Ele continuou defendendo a autonomia da Hungria e propôs a criação de uma confederação multiétnica no Danúbio. Muitos de seus seguidores permaneceram nos Estados Unidos, participando da Guerra Civil Americana em apoio à União.

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Last Update: 15/03/2025