Representantes das centrais sindicais nacionais dos países-membros dos BRICS se reuniram em Brasília, nos dias 23 e 24 de abril de 2025, para o 14º Fórum Sindical dos BRICS. Sob o lema “Fortalecer a Cooperação do Sul Global para uma Governança Mais Inclusiva e Sustentável”, o encontro reafirmou o compromisso das entidades com a defesa dos direitos dos trabalhadores, a promoção da justiça social e o desenvolvimento sustentável, em consonância com os princípios que originaram os BRICS – especialmente a construção de uma ordem mundial multipolar mais justa, equitativa e democrática.

O Fórum destacou as mudanças geopolíticas recentes, como a ampliação do bloco e o fortalecimento dos países em desenvolvimento na nova ordem mundial, e reforçou que a cooperação no âmbito dos BRICS tende a ampliar a voz e a influência dos países membros e parceiros na construção de um mundo mais justo.

Os sindicalistas apontaram a necessidade de fortalecer o papel dos sindicatos nos processos de governança global, destacando sua importância para garantir trabalho decente, transição justa para uma economia de baixo carbono, defesa da democracia, direitos humanos, e a intensificação da cooperação Sul-Sul baseada em solidariedade, respeito e benefícios mútuos.

Diante das prioridades da presidência brasileira dos BRICS em 2025, o Fórum manifestou apoio ao fortalecimento institucional do bloco e à intensificação da cooperação entre seus membros. Entre os pontos destacados, está a necessidade de facilitar o comércio e os investimentos com meios de pagamento eficientes e fomentar a governança inclusiva da inteligência artificial voltada ao desenvolvimento sustentável.

Os representantes sindicais também ressaltaram a urgência de estruturar financiamentos eficazes para o enfrentamento das mudanças climáticas e demonstraram apoio ao avanço das discussões sobre o tema durante a COP 30, que será realizada em Belém, em novembro deste ano. Reafirmaram ainda que o combate à crise climática deve promover uma transição justa, com desenvolvimento sustentável, soberania energética, trabalho decente e proteção social, além de investimento em educação cidadã e participação social.

O Fórum criticou o atual modelo econômico global, que concentra riqueza, amplia desigualdades e penaliza a classe trabalhadora. Condenou o unilateralismo, o protecionismo, sanções econômicas e tarifas comerciais arbitrárias, e defendeu soluções pacíficas para conflitos e crises humanitárias, considerando a paz essencial à garantia dos direitos trabalhistas.

Foi reiterada a urgência de construir uma nova ordem internacional mais inclusiva, justa, multipolar e democrática, com participação ativa da classe trabalhadora nas decisões globais. Defendeu-se a reforma das instituições de Bretton Woods (FMI e Banco Mundial) e da OMC, tornando-as mais inclusivas, transparentes e eficazes.

O Fórum também defendeu a ampliação dos mecanismos financeiros dos BRICS, como o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), visando maior autonomia econômica dos países do bloco frente aos sistemas financeiros hegemônicos.

Com base nos princípios da Organização Internacional do Trabalho (OIT), os sindicalistas reafirmaram o trabalho decente como pilar essencial para erradicar a pobreza, reduzir desigualdades e promover o desenvolvimento sustentável. Chamaram atenção especial para mulheres, jovens, pessoas com deficiência, em situação de pobreza, e trabalhadores informais ou de plataformas digitais.

Também defenderam o fortalecimento da OIT na proteção dos direitos fundamentais do trabalhador, com foco na formalização do emprego, remuneração justa, limites de jornada e segurança no ambiente de trabalho – inclusive frente ao impacto das novas tecnologias, da inteligência artificial e da transição energética.

O combate à discriminação de gênero, a promoção da igualdade de oportunidades e o acesso das mulheres ao trabalho decente, proteção social e participação em cargos de decisão também foram pontos destacados.

O Fórum instou os governos dos BRICS a fortalecer a governança econômica global, com foco na geração de empregos de qualidade, combate à pobreza e redução das desigualdades. Manifestou apoio às políticas de descarbonização, mas alertou para o risco de tarifas de carbono serem utilizadas como instrumentos de guerra comercial contra países em desenvolvimento. Também defendeu que as novas indústrias de energia garantam empregos decentes e proteção aos trabalhadores.

Os representantes reiteraram o compromisso da Declaração de Sochi de 2024, que busca institucionalizar o Fórum como uma plataforma permanente de diálogo e formulação de políticas, assegurando a presença sindical nas instâncias decisórias dos BRICS.

Por fim, os sindicatos pediram a adoção de medidas concretas para garantir a participação sindical na formulação de políticas públicas, promoção do diálogo social e implementação da Agenda 2030 de desenvolvimento sustentável. Reforçaram ainda a importância de apoio dos governos dos BRICS ao Pacto Global pela Justiça Social e à criação de políticas públicas contra a pobreza e as desigualdades nos países do bloco.

Foi feita uma convocação para o fortalecimento do intercâmbio entre sindicatos dos BRICS, com foco em cooperação para formação, pesquisa e inovação digital, qualificando os sindicatos para enfrentar os desafios das novas transformações tecnológicas e industriais.

O encontro encerrou com agradecimentos às centrais sindicais brasileiras pela organização do evento em Brasília e apoio à realização do 15º Fórum Sindical dos BRICS em 2026.

Confira a nota na íntegra:

Declaration 14th BRICS TRADE UNION FORUM Declaração 14o FÓRUM BRICS SINDICAL

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Last Update: 28/04/2025