Na última quinta-feira (15), foi ao ar mais uma edição do Tição – programa de preto, transmitido pelo canal Lives da COTV. Comandado por Caio Túlio e com a participação de Tiago Pires, o programa foi dedicado quase integralmente à defesa do 13 de maio de 1888, data da abolição da escravidão no Brasil, como uma vitória popular e negra, contra as mentiras espalhadas pela esquerda pequeno-burguesa e identitária.
Já no início, Túlio apontou o problema de setores do movimento negro e da própria esquerda nacional que tentam rebaixar a importância histórica da abolição. Afirmando que “o 13 de Maio foi uma conquista de um amplo movimento popular no Brasil, um movimento popular”, ele deixou claro que a libertação dos escravizados não foi um ato isolado da princesa Isabel, mas o resultado de uma longa luta popular. Rechaçando os que negam a abolição, completou: “a escravidão efetivamente acabou em 13 de Maio de 1888 […] Se o negro continuou oprimido – e continuou mesmo -, são outras circunstâncias, já não é mais o regime escravocrata”.
O programa também respondeu àqueles que tentam tratar a abolição como “uma farsa”. Caio ironizou esse argumento absurdo, destacando que mesmo sem a tomada do poder pelas massas, o movimento popular obteve uma vitória concreta e objetiva ao derrubar legalmente o sistema escravista.
O apresentador comparou com outros momentos da história em que o povo, mesmo sem conquistar o poder político, conseguiu impor mudanças decisivas à classe dominante. Usando como exemplo o fim da ditadura militar no Brasil, afirmou: “Porque o povo não tomou o poder? […] Mas mudou a situação, né?” A analogia reforça a tese de que vitórias reais não dependem necessariamente de rupturas totais, e que negar essas conquistas é apagar a luta do povo.
Outro ponto central discutido foi o abandono da comemoração do 13 de Maio a partir dos anos 1980, substituído pelo 20 de novembro. Túlio e Pires não negaram a importância do 20 de novembro, mas denunciaram sua instrumentalização como contraponto artificial ao dia da abolição. “Antigamente se comemorava, se celebrava o 13 de maio […] só posteriormente, na parte da década de 80, por aí, 90, é que o 13 de maio foi colocado de lado”. Pires complementou: “eles buscam usar isso aí […] de uma forma de se opor ao 13 de Maio, porque finalmente não pode comemorar o fim da escravidão”.
O programa também fez uma dura crítica a figuras como Douglas Belchior e Luísa Mandela. Belchior teria afirmado que “o 13 de Maio é uma mentira histórica”, o que os apresentadores qualificaram como um completo absurdo. “O 13 de maio, sim, é uma realidade, não é uma […] uma mentira, é um fato. E é um fato muito importante da história brasileira”, disse Túlio. Sobre Luísa Mandela, Pires denunciou seu envolvimento com governos como o de Eduardo Paes, que realiza acordos com figuras como Cláudio Castro para reprimir a população negra no Rio de Janeiro. “Que moral tem uma mulher, que participa de um governo contra os negros, para falar da história do negro?”, questionou.
Ao longo do programa, também foi denunciado o papel de ONGs financiadas por banqueiros internacionais, como a Open Society, por trás de muitas dessas campanhas de reinterpretação da história. Tiago criticou a criação de falsos heróis e datas que apagariam a luta real das massas negras brasileiras, afirmando que “a história registrada é uma mitologia […] Isso tudo serve para confundir o movimento de luta”.
Por fim, o Tição reafirmou que o 13 de maio deve ser celebrado como o que é: uma vitória histórica do povo negro brasileiro contra o regime escravocrata. “O povo se juntou, negros, brancos e outros, muitas outras cores, e derrubaram a escravidão numa luta centenária que chegou, finalmente, a derrubar a escravidão”, afirmou Caio. “A luta do negro não acabou aí, obviamente, mas a escravidão, essa sim, foi derrotada.”
Veja aqui o vídeo com a transmissão do programa.