O Cerco de Gaeta (5 de novembro de 1860 – 13 de fevereiro de 1861) foi um dos eventos finais da Unificação Italiana, marcando a queda definitiva do Reino das Duas Sicílias e a consolidação do poder de Vítor Emanuel II da Sardenha, que em poucos meses se tornaria o primeiro rei da Itália unificada.
O cerco foi a última tentativa de resistência do rei Francisco II das Duas Sicílias, que, após perder seu reino para as forças de Giuseppe Garibaldi e do Reino da Sardenha, refugiou-se na fortaleza de Gaeta, uma cidade litorânea fortificada ao sul de Roma.
No início do século XIX, a península Itálica estava dividida em vários Estados, sendo o Reino das Duas Sicílias o maior deles, abrangendo toda a Sicília e o sul da Itália continental. Governado pela dinastia Bourbon, o reino era visto como um bastião do absolutismo e estava isolado politicamente, enquanto o movimento de unificação italiana ganhava força sob a liderança do Reino da Sardenha e do primeiro-ministro Camillo di Cavour.
Em maio de 1860, Giuseppe Garibaldi liderou a famosa Expedição dos Mil, uma campanha revolucionária apoiada pelo Reino da Sardenha. Com um exército pequeno, mas altamente motivado, Garibaldi desembarcou na Sicília, conquistou Palermo e, em seguida, marchou para o continente, derrotando as forças bourbônicas em diversas batalhas.
Em outubro de 1860, após a vitória na Batalha do Volturno, Francisco II foi forçado a abandonar Nápoles, a capital do reino, e recuou para a fortaleza de Gaeta, acompanhado de sua esposa, Maria Sofia da Baviera, e cerca de 12 mil soldados.
Enquanto Garibaldi entregava o Reino das Duas Sicílias a Vítor Emanuel II, que avançava com o exército piemontês pelo sul, Francisco II preparava-se para resistir em Gaeta, esperando que a França de Napoleão III intercedesse em seu favor.
As forças do Reino da Sardenha, comandadas pelo general Enrico Cialdini, iniciaram o cerco em 5 de novembro de 1860, cercando Gaeta por terra e por mar. A cidade estava bem fortificada, com canhões modernos e uma defesa experiente, o que prolongou a resistência. No entanto, a marinha piemontesa bloqueou qualquer tentativa de reforço ou abastecimento.
O rei Francisco II ainda esperava uma intervenção da França, que, no início do cerco, manteve navios no porto de Gaeta para dissuadir os piemonteses. No entanto, Napoleão III retirou seu apoio em 19 de janeiro de 1861, deixando Francisco II isolado.
Com a escassez de alimentos, a falta de reforços e o avanço dos ataques piemonteses, a resistência tornou-se insustentável. Em 13 de fevereiro de 1861, Francisco II finalmente se rendeu-se. No dia 14 de fevereiro, ele e Maria Sofia partiram para o exílio em Roma, sob a proteção do Papa Pio IX.
A rendição de Gaeta marcou o fim do Reino das Duas Sicílias e consolidou o domínio do Reino da Sardenha sobre o sul da Itália. Poucas semanas depois, em 17 de março de 1861, foi proclamado o Reino da Itália, com Vítor Emanuel II como seu primeiro rei.